quarta-feira, 25 de março de 2015

Lesões do joelho


OS LIGAMENTOS DO JOELHO


Devido a sua localização central, o joelho é a articulação do membro inferior mais sujeita a lesões, tanto por traumas diretos quanto por forças indiretas, as chamadas torções.
Os ligamentos do joelho são as estruturas responsáveis pela sua firmeza (estabilidade), evitando movimentos exagerados. Os principais ligamentos são os dois colaterais (lateral ou “do lado de fora” e medial ou “do lado de dentro”) e os dois cruzados (anterior e posterior) . 


O LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR


Dos quatro ligamentos, o ligamento cruzado anterior é o mais frequentemente lesado, pois ele é responsável por evitar movimentos de “gaveta” e rotação exagerada do joelho. Desta forma, a sua rotura ocorre principalmente em modalidades como futebol, basquetebol  e voleibol, que exigem muita rotação e onde muitas vezes o pé pode ficar preso no chão e o corpo rodar sobre o joelho.
As principais vítimas dessas lesões são os chamados "atletas de ocasião", que não tem uma musculatura adequada e não tem o hábito de fazer alongamentos, o que predispõe a uma estrutura muscular mais fraca e sobrecarrega o ligamento, que pode assim se romper.

No momento da rotura, muitas vezes a pessoa escuta um estalido, seguido de dor intensa e inchaço rápido, impossibilitando muitas vezes até mesmo andar normalmente. O indivíduo deve então ser encaminhado a um pronto-socorro, onde o profissional de saúde  fará uma avaliação e pedirá exames para afastar outros problemas como fraturas e para confirmar a lesão ligamentar. Também são tomadas providências para melhorar os sintomas, como administração de medicamentos e aplicação de gelo no local, e algumas vezes imobilização com talas, para repouso e conforto da articulação.

 
Na maioria das vezes, uma lesão completa do ligamento cruzado anterior requer tratamento com cirurgia, já que o seu potencial de cicatrização por si só é quase nulo. Caso a cirurgia não seja realizada, o joelho costuma ficar frouxo e falsear (“sair do lugar”) com facilidade, impedindo a realização de desporto e causando dores e inchaço repetitivos. Após algum tempo, outras estruturas do joelho podem ser afetadas e ocorrer desgaste da articulação, levando à artrose precoce. A cirurgia normalmente não é de urgência, sendo programada após melhora da dor, da movimentação e do inchaço do joelho, o que é conseguido com sessões de fisioterapia antes da cirurgia.



TRATAMENTO DAS LESÕES DO LCA

O tratamento cirúrgico consiste na substituição do ligamento lesionado por um enxerto, que é um outro tendão retirado da própria pessoa e que vai reproduzir a mesma função do ligamento original. Atualmente, são empregados com maior frequência o enxerto de tendão patelar ou de tendões flexores da coxa.


O grande avanço da cirurgia moderna nas lesões do ligamento cruzado anterior é o emprego da técnica da videoartroscopia, que consiste na introdução de uma lente no interior do joelho, por cortes mínimos, de aproximadamente 4 milímetros . Esta lente está conectada a uma câmara que transmite, com alta definição, toda imagem do interior do joelho para um ecrã, onde o cirurgião pode identificar e tratar as lesões encontradas. A vantagem é uma cirurgia menos invasiva, resultando em maior conforto pós-operatório, menor dor e inchaço e recuperação mais rápida, com retorno mais cedo às atividades normais do quotidiano e ao desporto. 

Antigamente, após a colocação do enxerto na posição ideal no interior do joelho, era necessário a utilização de um gesso, para se evitar que o enxerto saísse do lugar quando o paciente caminhava ou tentava movimentar a articulação. Nos últimos anos foram desenvolvidos materiais especiais para se prender o enxerto no local de origem do LCA original, mantendo-o firme e permitindo mobilização imediata do joelho, caminhada normal após alguns dias e uso de canadianas por curto período (em média uma semana). Existem diversos tipos de materiais para fixar o enxerto, podendo ser de metal ou, mais modernamente, de material bio-absorvível, ou seja, que desaparece totalmente após um período médio de um a dois anos. 
Após a cirurgia, o paciente passa por um programa completo de reabilitação na fisioterapia, para progressivamente recuperar e retornar com segurança à suas atividades desportivas.

Por: Helder Silva

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